20.09.2010 - 13:19 Por PÚBLICO
As imagens de investigadores, doutorandos, alunos pós-graduados e monges sentados às mesas da Biblioteca Apostólica do Vaticano, empilhados em livros e documentos valiosos, a lutar contra o tempo na hora do encerramento da biblioteca que a Santa Sé fundou no século XV não vão repetir-se devido às novas regras de segurança .
O cenário foi esse em 2007, quando o Vaticano anunciou que, nos três anos seguintes, o arquivo que guarda raridades como obras originais de Virgílio e uma cópia parcial dos evangelhos de Lucas e João estaria temporariamente inacessível.
Na altura, a voz dos investigadores levantou-se, em protesto contra o encerramento prolongado do centro de estudos, onde há três anos, antes do arranque das obras, investigava uma média de quatro mil estudiosos.
Dez milhões de euros de investimento em profundas obras de reabilitação acompanhadas de perto pelo Papa Bento XVI permitiram que a Biblioteca do Vaticano reabra, agora, equipada com um largo sistema de segurança que incluiu a monitorização dos livros através de “chips”.
O acesso à biblioteca continua a ser restrito a quem faz investigação académica – professores universitários, investigadores a preparar doutoramento ou pós-graduados –, mas para que não se voltem a repetir-se roubos no interior do centro de estudos, cada livro contém um “chip” que possibilita saber a sua localização exacta dentro do edifício.
Mas mesmo o acesso aos famosos arquivos secretos da santa Sé continua inacessível aos investigadores exteriores ao Vaticano.
O transporte dos volumes para as salas de leitura foi remodelado, com a implementação de um sistema de comunicação avançado, para além do reforço da vigilância interna através de câmaras na entrada e na saída da biblioteca.
Desde que, em 1987, o historiador de arte da Universidade de Ohio Anthony Menikas foi condenado a 14 meses de prisão – por ter vendido duas páginas que rasgara de um manuscrito pertencido ao poeta renascentista Petrarca –, o Vaticano considerava indispensável a introdução de regras de segurança mais apertadas.
O arquivo foi amplamente remodelado, com obras que passaram pelo reforço das fundações, a climatização e o controlo da humidade, a instalação de sistemas contra o fogo e a construção de uma torre interior que contorna o acesso de escadas e elevador à caixa-forte do arquivo.
A remodelação do espaço e do reforço da segurança é também sinónimo de flexibilidade para o utilizador: os investigadores podem aceder à internet através do seu computador, pela rede Wi-fi do centro de estudos ou consultar documentos fotográficos em casa, através de uma palavra-chave.
A obra cumpriu os prazos de reabilitação, mas só daqui a dois anos é que a intervenção fica completa, com a abertura de uma sala onde podem ser consultadas estampas e litografias.
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