PublishNews - 15/06/2011 - Gabriela Nascimento
A afirmação é do escritor Daniel Munduruku, que participa nesta quinta do Seminário FNLIJ de Literatura Infantil e Juvenil
O último dia do 13º Seminário FNLIJ de Literatura Infantil e Juvenil será dedicado ao VIII Encontro Nacional de Autores Indígenas: Literatura Indígena e Resistência. Marcado para começar às 9h desta quinta-feira, dia 16, o evento acontece paralelamente ao Salão do Livro para Crianças e Jovens (Av. Paulo de Frotin, 1 –Centro – Rio de Janeiro/RJ).
Daniel Munduruku, diretor do Instituto Indígena Brasileiro para Propriedade Intelectual e um dos palestrantes do evento, contou, do alto da sua estante com 40 obras já publicadas, que vê com otimismo o interesse do mercado editorial pela literatura feita por escritores indígenas, mas diz que isso pode ser atribuído à descoberta por parte do mercado editorial de que este nicho pode ser explorado economicamente.
Ele acredita que isso ajuda a luta desses povos, que querem reverter o estado de invisibilidade social a que foram submetidos durante anos. Para ele, os povos indígenas têm a missão de, em sua literatura, ajudar os brasileiros a lembrar de seus rituais, cantos, danças e lendas que contribuíram para a formação cultural do país. “O Brasil é um país indígena, apenas se esqueceu disso”.
O evento, já em sua 8ª edição, é o resultado da teimosia desses autores em acreditar que podem oferecer muito aos brasileiros, explica Munduruku. “Isso vem se mostrando através da qualidade dos nossos trabalhos editoriais, de nossa participação em eventos literários em todo território nacional e da demanda por textos de autores indígenas”, disse.
Ele também comentou sobre a vitória que foi a edição da lei 11.645/08, que torna obrigatório o ensino da temática indígena em todos os níveis do ensino, além de ser uma forma de reparar um dano feito pelas próprias escolas. Segundo ele, são as escolas as responsáveis pelo ensino de uma ideologia anti-indígena: “A escola cristalizou estereótipos e congelou culturas vivas fazendo seus estudantes acreditarem que crenças eram crendices, que espiritualidade baseada nas coisas da natureza era coisa de selvagens. É, portanto, justo que a escola reverta este quadro trazendo para sua grade a temática indígena, sua riqueza, sua beleza, sua arte, sua cultura e suas lutas por se manterem como povos diferenciados dentro de um país que sempre os menosprezou”.
O interesse acadêmico pela arte e cultura dos povos indígenas também está crescendo e uma prova disso é que uma das mesas do seminário será inteiramente composta por pesquisadores. Mas, para Daniel, o papel da literatura indígena é ainda maior que isso. Por isso, o tema do seminário deste ano é “Literatura e Resistência”, o que por si só já mostra que estará em pauta a literatura engajada.
“A grande novidade desta edição é que vamos trazer um conjunto de indígenas que aliam a literatura à sua luta pela sobrevivência física e espiritual. Será um encontro que mostrará que os indígenas sabem transformar sua rica cultura numa poética de resistência sem perder a magia de sua tradição”, conta Daniel.
Programação
13º Seminário FNLIJ de Literatura Infantil e Juvenil l 16 de junho
VIII Encontro Nacional de Autores Indígenas: Literatura Indígena e Resistência
9h: Ritual e apresentação dos convidados
Mesa de Abertura
Elizabeth Serra – FNLIJ
Daniel Munduruku - Instituto UK’A
Cristino Wapichana - NEArIn
Patrícia Lacerda - Instituto C&A
10h: Contando histórias com a vida
Mediador: Ailton Krenak
Jacy Makuxi – Povo Makuxi - RR
Marcos Terena – Povo Terena - MS
Estevão Taukane – Povo Kura-Bakairi - MT
Manoel Moura – Povo Tukano – AM
11h: Poéticas da resistência.
Mediador: Severiá Xavante – Povo Xavante - MT
Ademario Ribeiro – Povo Payayá - PE
Graça Graúna – Povo Potiguara - RN
Eliane Potiguara – Potiguara - RJ
Olívio Jekupé – Guarani – SP
12h30: Almoço
14h: Sorteio da pontualidade (livros e arte indígenas)
14h30: O lugar da literatura indígena na academia: questões em aberto.
Mediador: Graça Grauna
A [re]construção da identidade indígena pela Literatura: Munduruku e o diálogo com a tradição
Luis Fernando Nascimento - Universidade de Taubaté- SP
Poética da migração: uma leitura de Metade cara, metade máscara, de Eliane Potiguara
Cassiane Ladeira - Universidade Federal de Juiz de Fora- MG
Era uma vez... o poder da floresta e a sabedoria das águas num lugar não tão distante...
Alcione Pauli – Univille - SC
Literatura Afro-brasileira e indígena na escola: A mediação docente na construção do discurso e da subjetividade
Ana Maria Almeida – UNIFESO - RJ
16h: Sarau de poéticas indígenas
Marcelo Manhuari, Elias Yaguakã, Cristino Wapichana, Carlos Tiago, Graça Graúna e Eliane Potiguara... e quem mais desejar interagir
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