Fonte: Mariana Mandelli, Felipe Oda / JORNAL DA TARDE - O Estado de S.Paulo
O Brasil terá uma nova prova para avaliar o nível de alfabetização dos alunos do 3.º ano do ensino fundamental - série em que, com 8 anos de idade, deveriam saber ler e escrever. O exame é uma parceria entre o Movimento Todos Pela Educação, a Fundação Cesgranrio, o Instituto Paulo Montenegro (do Ibope) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), ligado ao Ministério da Educação.
A prova ainda não tem nome oficial, mas é chamada pelos organizadores de "Inafinho", em alusão ao Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), que mede o nível de alfabetismo funcional da população adulta. O "Inafinho" não deve substituir avaliações já existentes - a ideia surgiu, segundo os organizadores, porque hoje não há um monitoramento público que avalie em que patamar está a alfabetização das crianças dessa faixa etária (leia mais ao lado). A alfabetização até os 8 anos é uma das metas do Todos Pela Educação.
A prova deveria ser aplicada até o fim deste ano, mas isso não foi possível pelo prazo apertado e por causa da transição de governos. Ainda não há data definida, mas, segundo o Estado apurou, o "Inafinho" deve ocorrer entre a segunda e a terceira semana de aula de 2011, para as crianças que acabaram de sair do 3.º ano - ou seja, que estão no 4.º. Repetentes também serão incluídos.
Devem participar cerca de 500 turmas de escolas públicas e particulares, de forma amostral - uma média de 5 mil alunos -, apenas de capitais brasileiras. A prova tem 20 questões de português, 20 de matemática e redação. A duração será de 1h30, meia hora para cada parte. Cada aluno deve fazer uma das provas, mas todos fazem a redação.
Os resultados devem ser apresentados por regiões. Será a primeira vez que o Brasil terá noção de como caminha a alfabetização de seus alunos, mesmo que em escala pequena. "Estamos em fase de pré-teste, mas a prova está pronta", afirma Priscila Cruz, diretora executiva do Todos Pela Educação.
A Cesgranrio criou o exame e o manual de aplicação. "Vamos também corrigir a redação e analisar os resultados para divulgação", afirma Nilma Fontanive, coordenadora do centro de avaliação da Cesgranrio.
Já o Inep cedeu algumas questões (chamadas de itens calibrados) e também a escala do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) para avaliar os resultados do "Inafinho". A aplicação ficará por conta do Instituto Paulo Montenegro, que está arcando também com os custos. "A prova tem uma escala pequena, mas queremos deixar um legado com potencial de ser ampliado", afirma Ana Lúcia Lima, diretora executiva do instituto.
Opiniões. Especialistas em avaliação dividem opiniões sobre o exame. Francisco Soares, da UFMG, apoia, mas diz que os resultados devem ser aplicados à realidade. "Só ter os números não adianta. Precisamos ter expressão pedagógica." Maria Helena Guimarães, ex-presidente do Inep, concorda. "A prova só tem sentido se os governos conseguirem, com ela, resolver déficits de aprendizagem", diz.
A diretora geral do Centro de Educação da PUC-SP, Madalena Peixoto, destaca que a prova deve colaborar para resolver dificuldades individuais. "O aluno que for mal tem que receber reforço escolar", afirma.
Já a especialista em educação Branca Jurema Ponce afirma que a prova é um instrumento legítimo do governo. "Se for usada como um diagnóstico para melhorar, ótimo. Mas a questão é delicada e o governo ainda receberá críticas caso a adote."
ÍNDICES DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb)
Criado em 1990, é aplicado a cada dois anos. É amostral e serve para o sistema público e particular. É composto de prova de português e matemática. Avalia o 5º e 9º ano do ensino fundamental e o 3º ano do médio.
Prova Brasil
É complementar ao Saeb. Avalia de forma universal o aprendizado de português e matemática apenas do fundamental - 5º e 9º anos - de escolas públicas.
Provinha Brasil
Avalia a alfabetização do 2º ano das escolas públicas. Os resultados são para uso dos professores e não são divulgados.
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)
Agora transformado em vestibular, o Enem surgiu para avaliar o ensino médio brasileiro.
E ai o que vocês acham, é esse o caminho? Postem seus comentários...
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